Gabriel Cevallos, um dos curadores convidados para Bienal fala sobre arte digital. Foi o idealizador e curador da Mostra Kino Beat de filmes relacionados a música (2009, 2010, 2011) e do Kino Beat ao Vivo, evento de performances audiovisuais multimídia (2011, 2012, 2013). A equipe da vai formiga entrevistou Gabriel.
Qual a importância do hibridismo para a arte?
O hibridismo é uma característica do nosso tempo, com as grandes narrativas e velhas ideologias enfraquecidas, creio que a arte não teria outra opção, a não ser seguir com o espírito desse tempo, e se fundir, derrubar barreiras e ser híbrida. Arrisco a dizer que toda a arte é híbrida em algum ponto hoje em dia, mesmo um quadro pintado em aquarela pode ter alguma mutação pelo caminho, no mínimo terá a sua imagem digitalizada para reprodução e disseminação. Como a minha formação artística vem da música eletrônica, a cultura do remix está impregnada na minha forma de pensar e agir. Everything is remix!
Como a arte digital pode ser uma alternativa de acessibilidade para a população em geral?
De muitas formas, mas gosto de pensar no incentivo a criatividade e a educação, assim poderíamos ter transformações potentes, não que ela precise ser unicamente política, mas aproveitar o potencial poético e ao mesmo tempo emancipador da tecnologia para gerar transformações em mentes e também em condições sociais.
Como a arte de agora pode interagir com seus públicos?
A natureza híbrida da arte de agora tem a capacidade de ser um disparador para experiências múltiplas, e isso vem se tornando uma condição básica, para as novas gerações em especial. Uma visita ao museu pode se desdobrar muito além da presença física, com um conteúdo multiplataformas que de continuidade ao que foi visto in loco. As características de imersão e sensorialidade da arte digital são ótimas iscas para atrair novos públicos e despertar novas experiências